Botafogo de Futebol e Regatas.
O ano de 2024 se foi e eu ainda não consegui assimilar tudo o que aconteceu em 2024 para nós botafoguenses.
A sequência 2023–2024 do Botafogo foi uma coisa de maluco — um sonho realizado. Acredito eu que muito disso não foi nem mesmo vislumbrado pelos torcedores mais otimistas. Uma jornada histórica e digna de ser contada e relembrada pelos muitos próximos anos. Ou melhor, para sempre. Definitivamente está cravado na história do Botafogo de Futebol e Regatas.
Eu quero aproveitar esse momento em que as memórias ainda estão frescas e deixar registrado um pouco da minha perspectiva de tudo isso que rolou.
Um breve contexto histórico
Botafogo de Futebol e Regatas é um clube extremamente histórico e tradicional do Rio de Janeiro. Fundado em 1904, o Glorioso, tem uma história belíssima cheia de altos, baixos, triunfos e reviravoltas.
O time representado por uma Estrela Solitária teve sua era de ouro entre as décadas de 1950 e de 1960, onde os jogadores do Botafogo, junto aos jogadores do Santos, foram base da Seleção Brasileiras em Copas do Mundo. Tanto é que até hoje Botafogo é o clube que mais forneceu jogadores a Seleção Canarinha. Garrincha, dono da camisa 7 mais temida da história e maior ídolo da história do Botafogo, comandou a Seleção Brasileira na campanha do bicampeonato da Copa do Mundo sendo artilheiro, líder de assistências e melhor jogador da competição. Único até os dias atuais a realizar tal feito.
Nesses anos é que o Botafogo ganhou seu primeiro título brasileiro em 1968, onde mais de 140 mil torcedores no estádio viram o Botafogo vencer o Vasco por 4 a 0 no jogo que deu o título.
Há ainda aqueles que dizem que o Botafogo não soube aproveitar seu auge para conquistar mais títulos. Mas eu o digo que o tempo era outro. Talvez soe estranho nos dias atuais, mas nessa época era comum torcedores preferirem e valorizarem mais os títulos de Campeão Carioca e Campeão do Torneio Rio-São Paulo. Além disso, o Botafogo foi um clube que priorizou excursões no exterior ao invés de priorizar campeonatos como a Copa Libertadores e a Taça Brasil. E é justamente isso que ajudou o clube a se tornar conhecido internalmente.
O tamanho é tanto que foi indicado pela FIFA ao estrito grupo dos maiores clubes do século XX.
Na década de 70 em diante o clube Mais Tradicional passou em branco — foram 21 anos de puro drama. Nesse mesmo período Botafogo se deu conta de que a crise financeira havia começado. Foi apenas ao final da década de 80, em 1989, que o time passou a ter vislumbres dos seus dias de glória e foi Campeão Carioca em cima do Flamengo.
Nos anos de 1990 em diante os tempos foram outros. Além dos títulos Carioca, o Fogão conquistou de maneira surpreendente a Copa CONMEBOL de 1993, vencendo de 3 a 1 nos pênaltis o Penãrol.
E em 1995 o triunfo veio com o título do Campeonato Brasileiro. Túlio Maravilha vestindo a lendária camisa 7 foi o nome do time sendo o artilheiro com 23 gols. O time da Estrela Solitária venceu o Santos por 3 a 2 no agregado.
No entanto, como nós dizemos, nessa mesma época o financeiro do Botafogo já “estava mais pra lá do que pra cá”. A dívida crescia exponencialmente a cada ano e o triunfo foi também o começo de tempos sombrios.
Com a virada do milênio, a crise estava instaurada e, devido a má administração e a jogadores ruins, o clube passou a flertar com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro e não demorou até que o rebaixamento foi “conquistado” — e não apenas uma vez. 2002, 2014 e 2020.
“Rebaixamento”, “dívidas” e “salários atrasados” foram termos que a torcida se viu escutando frequentemente. O clube atingiu uma dívida bilionária e estava em um beco sem saída. A situação era tão absurda que em uma ação movida contra o Botafogo, a justiça brasileira encontrou apenas 33 reais em conta. Trágico para os botafoguenses, cômico para os rivais.
Mas a torcida nunca desistiu. O Botafogo nunca desistiu. Como muito bem dito por Marlon Freitas, capitão do Botafogo em 2024, na preleção da partida final da Libertadores da América contra o Atlético mineiro. Mas isso é papo mais para frente.
Mesmo em terras ruins nasce bons frutos. Mesmo nessa situação digna de filme de terror o clube teve nomes que trouxeram identificação para o torcedor botafoguense. O Dodô era craque. Como esquecer da cavadinha do El Loco Abreu? Valorizamos toda a fidelidade e amor do paredão chamado Jefferson. Ah, o xerife Joel Carli… Esses são nomes que representaram o Botafogo em momentos de tristeza e serão lembrados para sempre na história do Botafogo.
Após o rebaixamento em 2020, ao som de “Desculpa pai, Eu vi o Chay” em 2021, o Botafogo conquistou a Série B do Brasileirão e então voltou a elite do futebol brasileiro. No ano seguinte uma notícia muda tudo.
Março de 2022, o empresário bilionário norte-americano John Textor, representado pela sua companhia Eagle Holding, compra 90% do Botafogo em um projeto SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Botafoguenses espalhados por todo Brasil, e mundo, se viam divididos entre dúvidas, receios, esperanças, perguntas, otimismo e pessimismo. Era tudo muito novo.
John Textor em seu projeto traz Luís Castro com o técnico e em seu primeiro ano faz uma campanha oscilante no Brasileirão, terminando na 11.ª colocação. Para quem esperava não cair para Séria B novamente como lucro até que não foi nada mal.
A torcida do Botafogo, ainda machucada e dolorida, não é nada fácil. Luís Castro mesmo assim sofreu duras críticas e era constantemente criticado pela torcida. E aí chegamos em 2023.
2023
No Carioca de 2023 a vida do Luís Castro não foi nada fácil. Botafogo teve uma campanha fraca e a torcida protestou muito contra o técnico. Contudo a chave viraria no Campeonato Brasileiro.
O Alvinegro Carioca engatou cinco vitórias seguidas e teve o melhor início do campeonato na era dos pontos corridos, se igualando ao São Paulo de 2011. Luis Castro montou um time que era uma máquina jogando bola. Tiquinho era um fenômeno no ataque. Eduardo jogava com classe primorosa. Adryelson era o dono da zaga. E Lucas Perri pegava até sinal de Wi-Fi.
Botafogo era líder do Brasileirão. Até que um certo dia a Arábia e o Cristiano Ronaldo entraram na jogada. Com direito a telefonema de CR7, Al-Nassr, clube da Arábia, chegou com grana pesada e convenceu Luís Castro a sair do Botafogo.
Isso foi um tiro no peito do botafoguense. Nós ficamos com a pulga atrás da orelha.
Mas as coisas ainda iam muito bem. Botafogo fechou o primeiro turno com a melhor campanha na era dos pontos corridos. Dado momento abrimos 13 pontos de vantagem para o segundo colocado. Na 28.ª rodada ainda éramos líder com 7 pontos de vantagem. E foi justamente nesse momento que o leite começou a azedar.
Empate contra o Fortaleza, derrota para o Cuiabá e chegamos a fatídica rodada de número 31 contra o Palmeiras. Tive pesadelos com esse jogo e, agora que estou escrevendo esse texto, enfrento dificuldades para organizar as palavras para descrever esse jogo.
Botafogo começa de forma implacável e abre 3 a 0 no primeiro tempo em jogo que colocava uma mão na taça. A euforia no Nilton Santos e na casa de cada botafoguense era gigantesca. Na volta do intervalo Endrick diminui deixando 3 a 1 para o Botafogo. No minuto 28, Adryelson faz falta em Breno Lopes na lateral do campo. VAR chama para revisão e nós botafoguenses não entendemos nada. Arbitro expulsa Adryelson de forma errônea, para não se dizer outra coisa. Mas nem tudo estava ainda perdido, não por enquanto. Pênalti para o Botafogo e Tiquinho Soares, o cara do Brasileirão, teve a chance de selar a vitória mas parou em Weverton. Por favor minha torcida, não culpem o Tiquinho, ele foi gigante apesar da cobrança de pênalti. Tiquinho é ídolo! Na sequência do lance, aos 39 minutos Endrick novamente diminuiu. 3 a 2 ainda para o Botafogo.
Nesse momento meu coração estava disparado e o sentimento era péssimo. Imagino que dos demais da torcida também. E aqui, neste exato momento, começou a tanto se falar sobre o psicológico do time do Botafogo.
Eu finalizo a trágica história de forma curta e breve. Minutos depois do segundo gol, o Palmeiras empatou e nos acréscimos virou a partida e se sagrou vencedor. Palmeiras 4, Botafogo 3.
Ainda não estava tudo perdido. Mesmo com a derrota Botafogo ainda era líder com 4 pontos de vantagem sobre o Palmeiras. Contudo o baque foi grande e o time foi ladeira abaixo.
Derrota para o Vasco. Derrota para o Grêmio de virada por 4 a 3 novamente. No empate com o Red Bull Bragantino com gol novamente nos acréscimos o Botafogo perdeu a liderança para o Palmeiras na 34.ª rodada.
Os resultados ruins não pararam. Vacilo novamente no fim da partida e empate com o Santos. Empate com o Curitiba com gol na saída de bola após gol do Botafogo ultrapassados os acréscimos. Empate com o Cruzeiro. Por fim, na última rodada, derrota para o Internacional.
Cara, que cruel foi esse roteiro.
Que dolorido. Foi bizarro que esse péssimo sentimento se repetiu rodada após rodada. Cada jogo se superou na maldade e nós só pensávamos “não é possível que isso tá acontecendo de novo”. Nem mesmo o pior inimigo seria capaz de escrever uma trajetória tão torturante e agoniante.
Os gols nos últimos minutos e as viradas foram a maiores características do time nesses últimos jogos e o tal do psicológico do Botafogo acabou sendo mais falado do que o próprio título do Palmeiras, sendo o assunto do ano nos bares pelo Brasil. Ninguém acreditava no que havia acontecido nesse final de campeonato, nem mesmo os torcedores rivais acreditavam. E assim ficou conhecido com a maior pipocada da história do Brasileirão. Trágico para os botafoguenses, cômico para os rivais.
Enfim, Palmeiras campeão e Botafogo termina apenas na 5.ª colocação após liderar 31 de 38 rodadas.
2024
2024 começa com o pessimismo nas alturas. Nenhum torcedor botafoguense conseguia acreditar nesse time que era assombrado pela entrega do Campeonato Brasileiro do ano anterior.
Algumas contratações chegaram e animaram: Luiz Henrique, Savarino, Alexander Barboza, Gregore e John.
No Campeonato Carioca, o time começou mal e não avançou para as semifinais. Tivemos que nos contentar com o título da Taça Rio. O clima não era dos melhores.
Por terminar na 5.ª colação do Brasileirão de 2024 o Botafogo se classificou para jogar a Libertadores de 2024, mas não diretamente na fase de grupos. Botafogo foi jogar a Pré-Libertadores e teve dois confrontos antes da fase de grupos.
O primeiro foi contra o Aurora da Bolívia e no primeiro jogo um empate amargo de 1 a 1 e mais uma vez sofrendo gol no último minuto. E então teve jogo de volta no Nilton Santos — e eu estava no estádio nesse jogo. Posso dizer que o clima no estádio não era ruim. Com direito a um lindo mosaico da torcida que incentivava o time.
Mas tenho que admitir, existia uma pressão não muito agradável. Mas foi aí, que por minha sorte, uma apresentação de gala. 6 a 0 com direito a 4 gols de Junior Santos.
O segundo confronto foi contra Red Bull Bragantino. No primeiro jogo uma vitória em casa, e na volta, seguramos um heroico empate jogando todo o segundo tempo com um a menos. Agora que escrevo esse texto noto que aparentemente somos bons em jogar com um a menos. Enfim, ufa! Estávamos de volta na fase de grupos. Mesmo com dúvidas, o Botafogo chegou lá.
No primeiro jogo da fase de grupos, o Botafogo perdeu de 3 a 1. Já no segundo jogo foi a estréia do novo técnico, Artur Jorge. O português logo colocou em campo uma escalação extremamente ofensiva com 4 atacantes mas não foi o suficiente e o time também perdeu o segundo jogo, trazendo como efeito colateral a dúvida a respeito do time. No entanto, na sequência Artur Jorge encaixou o time, venceu os três próximos jogos da Libertadores e garantiu a classificação para o mata-mata.
Em paralelo, no Brasileirão as coisas iam bem e a confiança estava se retomando. Na 4.ª ao ganhar do Flamengo por 2 a 0 fora de casa assumimos a liderança e nos mantivemos na disputa desde então. E adivinha? Novamente o Botafogo foi o campeão virtual do primeiro turno — ou melhor, bi-campeão do primeiro turno hahaha. Ficamos 2 pontos a frente do segundo colocado, cujo era o Flamengo.
Na janela da meia temporada John Textor investiu e trouxe mais grandes nomes para reforçar o time na segunda metade do ano: Thiago Almada, Alex Telles, Igor Jesus, Vitinho, Matheus Martins e Allan.
No sorteio das oitavas de final da Libertadores ficou definido que jogaríamos contra o Palmeiras, carrasco do ano passado. Os ataques da mídia ao psicológico do Botafogo se intensificaram e sempre era a pauta que rendia. A todo momento frases contendo “e o ano passado […]” eram jogadas ao ar.
Em entrevista, André Rizek perguntou qual foi a reação de Artur ao ver o Palmeiras como adversário, sua resposta foi curta e grossa: “Exatamente igual, como se fosse um outro qualquer. Não posso estar numa competição de oitavas de Libertadores escolhendo adversários. Não vai ser fácil para nós e não vai ser fácil para o Palmeiras”.
No primeiro confronto, Botafogo 2 e Palmeiras 1. Na partida de volta um jogo histórico. Igor Jesus faz o primeiro, Savarino aumenta. Estava 4 a 1 no agregado para o Botafogo e praticamente encaminhado a classificação. Porém o time do Abel Ferreira, cujo temos que reconhecer ser um dos maiores técnicos que já trabalhou em solo nacional, começou sua reação. Aos 41 do segundo tempo o Palmeiras diminui e aos 45 minutos o atacante Rony empatou a partida. Todo aquele sentimento volta a tona. “De novo? Está acontecendo de novo?”, era o que eu pensei. A reação do Palmeiras estava novamente acontecendo frente aos nossos olhos e para desespero dos torcedores do Glorioso, nos acréscimos finais, gol do Palmeiras. O misto de tristeza e medo possuiu nossas mentes. Com esse resultado, o jogo estava indo para a disputa dos pênaltis. Contudo, para nossa salvação, em análise do VAR o gol foi anulado corretamente devido a um toque na mão do zagueiro do Palmeiras. Classificados! Estávamos nas quartas de final.
De volta ao Brasileirão, tudo ia bem e estávamos também na disputa do campeonato. O time de Artur Jorge e seu dedo, goleou o Flamengo por 4 a 1 pela 23ª. rodada e continuava na liderança.
Nas quartas de final da Libertadores enfrentamos o São Paulo e em outro jogo dramático avançamos nos pênaltis, em grande atuação do goleiro John, após dois empates.
O Botafogo iria jogar uma semifinal da principal competição continental após 51 anos. Jogo que foi contra o Penãrol. No Nilton Santos, uma aula de futebol, e o Botafogo venceu por 5 a 0 e ali definiu a classificação para a inédita final.
Então vieram os 13 dias. 13 de Zagallo e El Loco Abreu. Os 13 dias mais insanos da história do Botafogo.
Primeiro dia. No Brasileirão, após 3 amargos empates seguidos o Botafogo perde sua gordura de 6 pontos e se iguala com o Palmeiras. “Botafogo vai pipocar de novo”, “o Fogão vai entregar”, “esse time não tem psicológico para ganhar”, essas eram frases que o torcedor alvinegro ouviu com frequência. E adivinha só, a próxima rodada era justamente contra o Palmeiras fora de casa.
Para muitos a final do Campeonato Brasileiro de 2024. Em partida que foi um exemplo de foco e psicológico forte, o Botafogo ganhou por 3 a 1 com direito a gol de Adryelson, o mesmo expulso em 2023. Foi o gol que simbolizou a volta por cima. A liderança era definitivamente nossa.
Quarto dia. O dia da glória eterna. Em jogo final contra o Atlético Mineiro no Estádio Monumental de Núñez na Argentina, os torcedores botafoguenses estavam em peso e era a maioria nas arquibancadas.
Antes do jogo, o capitão Marlon Freitas do Botafogo, que por bom tempo ficou marcado pela piscadinha em trágico jogo contra o Palmeiras em 2023 e exemplo de superação, fez um discurso digno de cinema durante a preleção. Tenho certeza absoluta que a energia passada durante aquelas palavras fizeram toda diferença na partida.
Confira no minuto 30:40.
Porém, nem tudo são flores. Aos 29 segundos o estádio ficou em silencio ensurdecedor. Gregore, em entrada infeliz, acabou sendo expulso e o sentimento era péssimo. “Não é possível que isso está acontecendo”, “chegamos aqui para isso?”, eram os pensamentos que gritavam na minha mente e de muitos outros torcedores.
Mas esse time tomou essa oportunidade para mostrar algo jamais visto. Um comprometimento técnico digno de caso de estudo, um foco para lá de exemplar e um mental que demonstrou o que é ser Botafogo.
Qualquer outro técnico teria tirado um jogador ofensivo para recompor o meio de campo, ainda mais logo após perder Gregore, cujo era nosso volante mais defensivo. Mas Artur Jorge foi diferente e não fez o esperado. Manteve o time assim como estava e os 35 minutos do primeiro tempo o Luiz Henrique, nosso o pantera, abriu o placar.
Ainda na euforia da torcida, após alguns minutos, Luiz Henrique sofre pênalti e Alex Telles amplia para 2 a 0 para o delírio de toda nação de botafoguenses.
Estava tudo perfeito. Mas na volta do segundo tempo o Atlético Mineiro diminuiu. Não abalou, o Botafogo foi forte e segurou. Que atuação! Mais de 90 minutos com um jogador a menos e o time apresentava esse nível atuação e foco.
Aos 45 minutos do segundo tempo o juiz assinalou 7 minutos de acréscimo. Que grata coincidência! 7 de Luiz Henrique, 7 de Túlio Maravilha, 7 de Jairzinho e 7 de Garrincha. Juro para você, foi o momento que mais me senti confiante em toda a temporada.
Diante de toda pressão atleticana, no minuto 7 dado do acréscimos, Júnior Santos faz linda jogada e então pudemos presenciar essa grande narração na voz de Rogério Vaughan.
São poucos segundos que separam o Botafogo da Glória Eterna. Segura a bola mais uma vez o Júnior Santos. Júnior Santos é quem segura. Linda jogada do Júnior Santos. Carregou. A tentativa. Matheus. Martins. Júúúúúnior Santos! Júúúnior Santos! GOOOOOOOOOL. O futebol é a arde do possível! Júnior Santos, ele entrou para fazer o dele! O artilheiro da Libertadores da América. Só o futebol explica isso!
30 de Novembro de 2024 — Botafogo de Futebol de Regatas é campeão da Libertadores da América de 2024.
Que loucura! Que felicidade. Talvez por conta de todo meu pessimismo, eu nunca esperei viver um sentimento tão intenso. É muito doido pensar tudo que nós botafoguenses passamos para chegar até aqui. Eu, influenciado por meu pai, torço para esse time desde criança e mesmo com todas frustrações e ameaças de que nunca mais assistiria um jogo, eu nunca desisti.
Fico feliz por mim, por meu pai e por todos botafoguenses que vivem e viveram esperando esse momento.
Junior Santos foi o artilheiro da competição com 10 gols.
Já o Luiz Henrique foi coroado o Rei da América. Título dado ao melhor jogador do continente.
Vale a pena conferir os melhores momentos:
Nono dia. Após toda a vez e euforia após o título da Libertadores, o Botafogo tinha mais um jogo extremamente importante na conquista do título nacional. Em jogo contra o Internacional, o Botafogo venceu em partida difícil por 1 a 0 pela penúltima rodada do campeonato com golaço de Savarino.
Agora só um empate seria o suficiente para a conquista.
Décimo terceiro dia. Jogo contra o São Paulo pela última rodada no Nilton Santos. “Resistir” foi a palavra escolhida pelo “Movimento Ninguém Ama Como A Gente’’, que organizou belíssimos mosaicos durante o ano de 2024, para o último mosaico do ano na partida que valia o Campeonato Brasileiro.
E resistimos. O Botafogo resistiu as críticas, as ofensas e ao desrespeito. Após 29 anos, Botafogo venceu por 2 a 1 e no dia 8 de Dezembro de 2024, mesma data da fusão que deu origem ao Botafogo de Futebol e Regatas, e se consagrou também Campeão Brasileiro de 2024. O Glorioso se tornou apenas o terceiro clube do Brasil a ter o feito de ganhar na mesma temporada a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro.
2024 foi um sonho em forma de ano! De vez em quando enquanto estou deitado na minha cama esperando o sono chegar, eu me questiono se tudo isso que vivi foi verdadeiro ou apenas fruto da minha imaginação. Logo noto que estou errado e tive a oportunidade de viver, ver e torcer para o Botafogo.
Tantas histórias e reviravolta. Tantos enredos se finalizando com uma história tão bonita. Para mim esse time é exemplo de superação e resiliência. Exemplo de disciplina e foco. O que o time, os jogadores e a toda instituição demonstraram é coisa de filme motivacional. Se mantiveram fortes quando estavam no fundo do poço, calaram a boca de tantos e entraram para história.
Sinceramente não consigo descrever mais essa jornada. Falta palavras para expressar o que foi isso que nós, escolhidos pelo Botafogo. Ninguém ama como a gente. 2024 entrou para a história.
Feliz por muita coisa. Feliz por ser Botafogo. Feliz por nós botafoguenses. Feliz pelo Botafogo. Feliz pelo desespero dos rivais. Feliz por quem viveu isso. Feliz por quem já partiu esperando esse momento. Feliz por aqueles que ainda nascerão.
Obrigado por isso 2024. Obrigado instituição do Botafogo. Obrigado Luiz Henrique, Junior Santos, Igor Jesus, Thiago Almada, Tiquinho Soares, Eduardo, Gregore, Marlon Freitas, Savarino, Alex Telles, Barboza, Bastos, Adryelson, Gatito, Vitinho, Romero, Mateo Ponte, Danilo Barbosa, Jeffinho, Tche Tche, Allan, Cuiabano, Matheus Martins, John, Rafael, Lucas Halter, Hugo, Kauê, Matheus Nascimento, Yarlen, Pablo e Carlos Alberto. Obrigado Artur Jorge e comissão. Obrigado John Textor. Obrigado profissionais da instituição.
Obrigado 2024! Obrigado Botafogo!
Campeão da Copa Libertadores 2024. Campeão do Campeonato Brasileiro 2024.
É tempo de Botafogo.
Espero que tenha gostado da leitura e que eu tenha conseguido passar um pouco da experiência que eu tive.
Até mais.
Considere comprar um café como um sinal de agradecimento.